TERÇA-FEIRA, 3 DE JULHO DE 2012
Percentagem de Saturação por Bases (V%) na Análise do Solo
Interpretação da Análise do Solo (5)
Em postagens anteriores, abordamos assuntos relacionados ao PH do solo, argila e matéria orgânica, Cátions básicos e CTC's, Acidez trocável, acidez não trocável e percentagem de saturação por alumínio. Estamos aptos a entrar num novo assunto, ou seja, percentagem de saturação por bases (V%), muito utilizada, em alguns Estados, para cálculo da necessidade de calagem. O conhecimento da percentagem de saturação
por bases é muito importante para conhecer o nível de fertilidade do solo. Um solo que apresenta baixo V% significa que existe uma maior adsorção de Al³+ e H+ e quantidades menores dos cátions básicos Ca²+, Mg²+ e K+, adsorvidos nos coloides do solo. O Al³+ tóxico poderá aparecer nos solos ácidos comprometendo o desenvolvimento radicular das plantas e menor absorção de água e nutrientes. O V% indica quanto por cento dos pontos de troca de cátions, nos coloides, estão ocupados por bases, ou, em outras palavras, quanto por cento das cargas negativas estão ocupadas por Ca²+, Mg²+ e K+, em relação aos pontos de troca dos cátions ácidos H+e Al³+. Assim sendo, conhecendo-se o valor do V%, podemos determinar a percentagem de saturação por ácidos (M %). Se um solo tem um valor V = 35%, significa que 65% está ocupado por H+ e Al³+. Por quê?
por bases é muito importante para conhecer o nível de fertilidade do solo. Um solo que apresenta baixo V% significa que existe uma maior adsorção de Al³+ e H+ e quantidades menores dos cátions básicos Ca²+, Mg²+ e K+, adsorvidos nos coloides do solo. O Al³+ tóxico poderá aparecer nos solos ácidos comprometendo o desenvolvimento radicular das plantas e menor absorção de água e nutrientes. O V% indica quanto por cento dos pontos de troca de cátions, nos coloides, estão ocupados por bases, ou, em outras palavras, quanto por cento das cargas negativas estão ocupadas por Ca²+, Mg²+ e K+, em relação aos pontos de troca dos cátions ácidos H+e Al³+. Assim sendo, conhecendo-se o valor do V%, podemos determinar a percentagem de saturação por ácidos (M %). Se um solo tem um valor V = 35%, significa que 65% está ocupado por H+ e Al³+. Por quê?
Utilizando a fórmula: M (%) = 100 - V%.
M = 100 - 35 = 65%
M = 100 - 35 = 65%
Elevando o V% da CTC a pH7.0 é a mesma coisa que elevar o pH do solo. Com isto há diminuição da saturação por Al³+ e geração de mais pontos de troca de cátions dependentes de pH.
Para calcular a percentagem de saturação por cátions precisamos saber os valores da soma de bases (SB ou S) e a Capacidade de Troca de Cátions a pH7.0 (T). Estes dois valores devem estar expressos em cmolc/dm³ ou em mmolc/dm³. Não pode haver mistura das duas unidades. A fórmula para calcular o V% é a seguinte:
V (%) = (SB x 100) / T
Costuma-se dizer que o solo que apresentar a percentagem de saturação por bases (V%) maior que 50% é considerado um solo fértil. Solos com V menor que 50% seriam chamados de solos não férteis ou de baixa fertilidade. Os solos com V maior que 50% seriam chamados de "eutróficos" ou férteis. São solos ricos em nutrientes, especialmente Ca. A CTC destes solos armazena mais da metade dos cátions básicos.
Os solos com V% menor que 50% seriam os solos "distróficos" ou pouco férteis. Os solos distróficos podem apresentar pobreza de bases trocáveis (Ca) e um alto teor de Al³+ trocável ou uma percentagem de saturação por Al³+ (m%) maior que 50%, o que os caracterizariam como solos "álicos" ou muito pobres, ou seja, Al³+ trocável igual ou maior que 0,3 cmolc/dm³ (igual a 30 mmolc/dm³) e m% igual ou maior que 50%.
Um V% baixo significa que as cargas negativas dos coloides do solo estão adsorvendo mais H+ e Al³+ e pequena quantidade de cátions trocáveis (K+, Ca²+, Mg²+). Nestas condições, o solo será ácido e poderá conter Al³+ em nível de toxidez para a planta.
No Quadro 1, que estamos usando para disponibilizar informações para interpretação da análise do solo, vamos lançar mão dos dados de soma de bases e CTC a pH7.0para calcular a percentagem de saturação por bases (V%) nas amostras 1, 2 e 3. Como eles já foram calculados, conforme explicado no artigo "Cátions Trocáveis e CTC's na Análise do Solo", para visualizar clique aqui:
AMOSTRA 1:
V (%) = (8,28 x 100) / 13,28
V (%) = 828 / 13,28
V = 62,35%

Pela Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais (CFSEMG), Quadro 2, este valor V = 62,35% será enquadrado como "bom". Pelo Quadro 3, Seminário de Fertilidade do Solo, (Manaus, 1982), estará classificado como "médio". No RS/SC (Quadro 4) a faixa de interpretação deste V = 62,35% será "baixo".
AMOSTRA 2:
V (%) = (1,68 x 100) / 5,39
V (%) = 168 / 5,39
V = 31,16%

Pela CFSEMG, este valor V = 31,16% será enquadrado como "médio". Pelo Seminário de Fertilidade do Solo, (Manaus, 1982), este V = 31,16% estará classificado como "baixo". No RS/SC (Quadro 4) a classificação será "muito baixo".
AMOSTRA 3:
V (%) = (0,89 x 100) / 8,59
V (%) = 89 / 8,59
V = 10,36%
É um solo com pobreza de bases trocáveis (Ca²+ + Mg²+) e com teor muito alto de Al³+ trocável. É um solo "álico" pois possui 2,0 cmolc/dm³ de Al³+ e percentagem de saturação por alumínio (m) maior que 50%. A pobreza de bases é comprovada pela muito baixa participação na CTC a pH7.0, ou seja, 10,36%. O restante, 89,64% são ocupados pelo H+ e Al³+, principalmente o H+ (acidez não trocável) que ocupa 66,35% desta CTC do solo. A calagem é uma prática fundamental e necessária para melhoria da fertilidade do solo, adicionando Ca e Mg e a adubação corretiva com K torna-se indispensável. A calagem, além de adicionar Ca e Mg, vai neutralizar a acidez trocável e a acidez não trocável (H+), gerando cargas negativas não dissociadas.
Pela CFSEMG, este valor V = 10,36% será enquadrado como "muito baixo". Pelo Seminário de Fertilidade do Solo, (Manaus, 1982), este V% estará classificado como "baixo". Nos Estados do RS e SC, o V% será classificado na faixa "muito baixo"
Veja que existe uma diferença de interpretação das faixas de valores V% entre as três tabelas. Por isto que enfatizo sempre a necessidade do técnico ter em mãos as tabelas de recomendação de calagem e de adubação do seu Estado, da sua região.
Veja que existe uma diferença de interpretação das faixas de valores V% entre as três tabelas. Por isto que enfatizo sempre a necessidade do técnico ter em mãos as tabelas de recomendação de calagem e de adubação do seu Estado, da sua região.
LEIA: Artigos da Série Interpretação da Análise de Solo
O pH na análise do solo - Interpretação da análise do solo (1)
Argila e matéria orgânica na analise do solo - Interpretação da análise do solo (2)
Cátions trocáveis e as CTC's na análise do solo - Interpretação da análise do solo (3)
Cátions ácidos e saturação por alumínio na análise do solo - Interpretação da análise do solo (4)
REFERÊNCIAS
ALVAREZ V, V.H.; RIBEIRO, A.C.; GUIMARÃES, P.T.G. Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais - 5a. aproximação. 1999. Viçosa, Minas Gerais. Disponível em:<http://pt.scribd.com/doc/58701933/5%C2%AA-Aproximacao-Manual-de-Adubacoes-PDF> Acesso em: 13 de jun. 2012.
CARVALHO, J. C. R.; SOUSA, C. S.; SOUSA, C. S. Fertilização e fertilizantes. 2005. Cruz das Almas, Bahia. Universidade Federal da Bahia. Escola de Agronomia. Depto de Química Agrícola e Solos. Disponível em:<http://www.ufrb.edu.br/nutricaomineral/nmp_pg_09/Apostila%20fertilizantes%20e%20fertiliza%E7%E3o.pdf"> Acesso em: 13 de Jun. 2012.
LOPES, A.S.; GUILHERME, L.R.G. Interpretação da Análise do Solo - Conceitos e aplicações. ANDA, São Paulo. Ed. atual. 2004. 51p. Boletim Técnico No 2.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIÊNCIA DO SOLO. COMISSÃO DE QUÍMICA E FERTILIDADE DO SOLO - RS/SC. Manual de adubação e calagem para os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. 10ª ed. Porto Alegre, 2004. 400p.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIÊNCIA DO SOLO. COMISSÃO DE QUÍMICA E FERTILIDADE DO SOLO - RS/SC. Manual de adubação e calagem para os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. 10ª ed. Porto Alegre, 2004. 400p.
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