Percevejo marrom: Conheça quais são as melhores estratégias de controle, incluindo os principais inseticidas, controle biológico, época de aplicação e outros.
O percevejo marrom da soja, Euschistus heros, é um grande desafio no manejo de pragas na cultura da soja.
Ao atacar as vagens de soja o percevejo afeta diretamente a produtividade e a sanidade do produto final.
Devido a limitação de ferramentas de manejo efetivas, essa praga tem tirado nosso sono safra após safra.
Por isso aqui vamos ver quais são as principais estratégias de controle para que você escolhas as que mais se enquadrem a sua realidade.
1ª Saiba qual o período de maior ataque do percevejo marrom na soja
Como próprio nome diz, esse inseto possui coloração marrom e mede cerca de 11 mm de comprimento.
Durante o inverno, o percevejo marrom pode entrar em diapausa. Ou seja, há redução do desenvolvimento do percevejo devido as baixas temperaturas.
Nesses períodos ele sobrevive nas palhadas/restos culturais, ou migra para áreas de refúgio e de mata.
Normalmente fêmeas ovipositam nas folhas ou vagens em formato de massas ou fileiras com 5 a 7 ovos de cor amarelada.
Ao eclodir, as ninfas de 1° instar (1° estágio) ficam juntas sobre os ovos e não causam
No 2° instar já iniciam o processo de alimentação, mas os danos são insignificantes. No entanto, no 3° instar os prejuízos da alimentação se tornam significativos.
(Fonte: Embrapa)Percevejo marrom Euschistus heros adulto (a), ovos (b), ninfas de primeiro (c) e quinto ínstar (d).
Ciclo de desenvolvimento do percevejo marrom, Euschistus heros. (Fonte: Cividanes)
Assim, o período de ataque que causa maiores prejuízos é de R3 até R7 na cultura da soja,quando devemos realizar amostragens e tomar as medidas de controle necessárias.
2ª Reconheça os danos do percevejo marrom
Em fase inicial de cultivo, ataques podem levar ao abortamento de vagens e implicar no retardamento da maturação dos grãos.
É comum observar a planta com retenção foliar e hastes verdes, distúrbio fisiológico denominada de Soja Louca I.
Já ataques no seu período mais suscetível (R3- 7), o percevejo marrom da soja ao atacam as vagens e reduzem o peso e tamanho de grãos (g). Os grãos também ficam enrugados e chochos, apresentando coloração arroxeada a enegrecida.
Danos nos grãos ocasionados pela alimentação do percevejo marrom da soja.(Fonte: Bayer)
Dessa forma, em lavouras para a obtenção de sementes, as mesmas se tornam inviáveis para tal devido ao seu baixo vigor.
Também pode haver danos na qualidade ou danos invisíveis ao produtor, os quais são alterações nos teores de proteína e de óleo no grão.
Por isso, após a venda da produção penalidades financeiras poderão vir acontecer por parte da indústria devido aos grãos escurecidos ou sujos que dificultam o beneficiamento e produção de óleo.
3ª Utilize inseticidas apenas ao atingir o Nível de Controle (NC)
Embora o percevejo marrom se faça presente na área desde o período vegetativo da cultura, é no período reprodutivo que ocorrem os prejuízos.
O estágio fenológico de maior susceptibilidade ocorre no início do desenvolvimento das vagens – R3 (fase de “canivetinho”) e vai até a até a maturação fisiológica da planta – R7.
Nível de controle para o percevejo marrom da soja pelo monitoramento por exame de plantas(Fonte: Embrapa)
Para estimar a população do percevejo marrom na cultura da soja você pode usar o método de exame de plantas (como mostra figura acima). Mas o método mais eficaz continua sendo o pano de batida.
Recomenda-se iniciar as amostragens semanalmente nos períodos mais frescos do dia.
O controle deve ser realizado atingir a média de 2 percevejos por pano-de-batida para produção de grãos e 1 percevejo por pano-de-batida em áreas destinadas a produção de sementes.
Com o Aegro você tem todos os dados de monitoramento de pragas agrícolas organizados, seguros e fáceis de serem visualizados.
4ª Inseticidas para percevejo marrom
Infelizmente os produtos comerciais destinados ao controle do percevejo marrom se limitam basicamente a 3 grupos químicos: Organofosforado, Piretróide e Neonicotinóide.
Já foi levantada a hipótese de casos de resistência do percevejo marrom ou perda da eficiência das moléculas existentes no mercado, mas nada ainda foi confirmado em campo.
Um projeto entre IRAC e PROMIP estudou as principais substâncias utilizadas no controle e que tiveram suspeita de perda de eficiência. O resultado foi de que esses produtos não perderam eficiência sobre o percevejo marrom, sendo eles:
- Acefato;
- Tiametoxam;
- Imidacloprid;
- Lambda-cialotrina;
- Beta-ciflutrina;
- Imidacloprid + beta-ciflutrina.
Também foi concluído que os produtos ainda apresentavam a eficiência mínima recomendada pelo Mapa de 80%.
Apenas foi verificada falha de controle para a beta-ciflutrina no sudoeste de Goiás e para o imidaclopride no nordeste do estado.
5ª Não promova a resistência do percevejo marrom aos inseticidas na sua área
As suspeitas de resistência na maioria das vezes são falhas na aplicação ou pulverizações em momentos inadequados, como aplicações tardias.
Mesmo assim é necessário prevenir a resistência para que os produtos continuem a ter eficiência de controle.
Para isso, tenho algumas dicas:
- Invista em tecnologia de aplicação: barra, bicos e vazão adequada;
- Pulverizar no momento de maior atividade da praga, normalmente nos meses mais quentes;
- Evitar “aplicações caronas” junto aos fungicidas para o controle da ferrugem asiática. Essas aplicações são feitas em intervalos de até 21 dias, o que pode ser inapropriado ao controle do percevejo marrom;
- Ainda nesse sentido, sempre utilize o monitoramento o Nível de Controle para direcionar suas pulverizações.
Ressalta-se que, além da eficiência dos inseticidas é importante priorizar aqueles seletivos a inimigos naturais.
Inúmeros inimigos naturais são encontrados nas lavouras de soja. Eles contribuem na redução populacional do percevejo marrom, sendo os parasitoides de ovos os mais importantes.
Destacam-se as espécies Trissolcus basalis e Telenomus podisi que atacam os ovos do percevejo marrom da soja. Já foram relatadas taxas de parasitismo de 60% para T. basalis e 80% para T. podisi.
No decorrer da safra, os índices de parasitismo em ovos variam de 30 a 70%, sendo E. heros, o mais parasitado, especialmente por T. podisi.
Além de parasitoides de ovos, o parasitoide de ninfas e adultos do percevejo marrom Hexacladia smithii tem mostrado taxas de parasitismos de até 14%.
Dessa maneira, a escolha de inseticidas seletivos permite a sobrevivência desses inimigos naturais na área. Somados a eficiência dos inseticidas, eles maximizam as chances de sucesso no controle do percevejo marrom da soja.
7ª Conheça e faça controles alternativos
Outras estratégias de controle também podem ser utilizadas e associadas aos métodos químico e biológico.
Uma das alternativas, é o uso de cultivares precoces associado à manipulação da época de semeadura. Também pense sobre o uso de plantas armadilhas.
Além disso, algumas novidades relacionadas ao manejo devem ser introduzidas no mercado em breve em forma de pacote tecnológico.
Conclusão
Apesar das dificuldades no controle do percevejo marrom, o monitoramento da praga para acertar o momento de aplicação maximiza as chances da efetividade do controle químico.
Ao lado desse, outras estratégias como medidas culturais e biológicas contribuem para minimizar o impacto do ataque de percevejos na cultura da soja.
Assim, utilize todas essas estratégias e informações para melhorar seu manejo e combater eficientemente o percevejo marrom!